Saúde mental e finanças: como a relação com o dinheiro impacta seu bem-estar
Descubra como a relação entre saúde mental e finanças impacta seu bem-estar e avalie como está seu equilíbrio financeiro e emocional.
A saúde vai muito além da ausência de doenças. Segundo a Organização Mundial em Saúde (OMS), trata-se de um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Nesse contexto, um tema ganha cada vez mais relevância: a conexão entre saúde mental e finanças.
Em tempos de incerteza econômica, surge um conceito essencial para empresas e indivíduos: bem-estar financeiro. Mais do que números, trata-se da forma como lidamos com o dinheiro e como isso afeta nosso equilíbrio emocional e qualidade de vida.
O que é bem-estar financeiro?
O bem-estar financeiro é composto por fatores objetivos (renda, patrimônio, registros financeiros) e subjetivos (percepções, expectativas e satisfação com a situação financeira). Ele não significa apenas pagar contas em dia, mas também:
Lidar com imprevistos sem comprometer o orçamento;
Se planejar para o futuro;
Conquistar metas e sonhos de forma sustentável.
Quando falta equilíbrio, surgem impactos diretos na saúde mental, como estresse, insônia, irritabilidade e queda de produtividade.
O vínculo entre finanças e saúde mental
O Banco Central do Brasil conduziu um estudo em 2023 que investigou aspectos como bem-estar financeiro e resiliência financeira em brasileiros. A pesquisa revelou que:
64% dos brasileiros enfrentaram desequilíbrios financeiros recentes;
65% não têm resiliência financeira para lidar com emergências;
49,1% sentem que as finanças são motivo de estresse em casa;
45,5% afirmam que preocupações financeiras afetam a saúde.
Já a Pesquisa de Saúde Financeira e Bem-Estar do Trabalhador Brasileiro 2025 (SalaryFits/Serasa Experian) mostrou que:
66% relatam aumento de estresse;
43% sofrem com irritabilidade;
39% enfrentam insônia devido à instabilidade financeira.
Esses dados reforçam que a saúde financeira impacta diretamente a saúde emocional e construir uma relação sustentável com o dinheiro é um dos pilares fundamentais para cuidar da saúde mental. Descubra o seu índice de Saúde Financeira.
Por que criamos uma relação emocional com o dinheiro?
Dinheiro não é apenas papel ou números. Envolve emoções, crenças e valores. No livro A psicologia financeira, Morgan Housel explica que nossa relação com as finanças é moldada por fatores como:
Fatores geográficos e macroeconômicos;
Experiências passadas (ex.: viver em períodos de inflação ou estabilidade);
Ambiente social, familiar e informações que temos acesso;
Sucessos e frustrações financeiras, que afetam nossa tolerância a riscos.
Segundo o autor, o sucesso financeiro não é acumular grandes fortunas, mas encontrar equilíbrio:
Saber o que é suficiente para si;
Fugir de comparações sociais;
Valorizar a liberdade e a autonomia;
Tomar decisões que tragam paz de espírito, e não apenas ganhos materiais.
Ao mesmo tempo, é importante diagnosticar quando a sede por crescimento financeiro ganha contornos prejudiciais à saúde mental, transformando-se em ganância, ambição e intolerância ao fracasso.
Como construir uma relação saudável com o dinheiro?
1. Planejamento Financeiro
O medo e a insegurança talvez sempre façam parte da rotina de muitos brasileiros, principalmente em cenários econômicos voláteis. Para manejar esses desafios, o primeiro passo é analisar receitas, despesas e dívidas. Um planejamento financeiro realista pode ajudar compreender a situação atual e traçar ações para alcançar o objetivo desejado, considerando margem para erros diante de um futuro incerto.
2. Reserva de Segurança
Diante dos imprevistos, outro passo importante é construir uma reserva de segurança (ou reserva de emergência). Separar um valor exclusivo para imprevistos é sinal de maturidade financeira. Essa reserva promove segurança em momentos de crise e contribui para reduzir a ansiedade sobre o futuro.
3. Finanças pessoais e empresariais
Para empreendedores, manter contas separadas de CPF e CNPJ não é apenas uma medida de organização financeira, mas também uma forma de reduzir a sobrecarga mental. Ao separar as finanças, o empreendedor consegue enxergar os números reais da empresa, tomar decisões com mais objetividade e sentir mais segurança para planejar o futuro (pessoal e profissional).
4. Apoio profissional
Cuidar da saúde mental e construir seu bem-estar financeiro não precisa ser uma tarefa solitária. Psicólogos podem ajudar a entender o peso emocional do dinheiro e consultores podem ajudar a estruturar estratégias para lidar com as finanças de forma saudável.
Setembro Amarelo 2025: Se precisar, busque ajuda.

A relação com o dinheiro vai além da economia e da matemática: envolve sentimentos, crenças, memórias e experiências que influenciam diretamente nossa saúde mental. Cuidar das finanças é também cuidar da mente. Com planejamento, organização, apoio e escolhas intencionais, é possível construir uma vida financeira equilibrada e, consequentemente, mais saudável.
Texto: Monalisa Peixoto - Psicóloga (CRP 17/6787) e Coordenadora de Marketing no Imobanco